A produção de ração animal deve crescer 3,5% neste ano, segundo projeção feita pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). De acordo com a entidade, o segmento poderia ter melhor desempenho não fosse as incertezas do mercado que podem impactar os custos de produção. Como exemplo, o Sindirações destaca a guerra na Ucrânia, que, segundo a entidade, pairou uma dúvida em relação a segurança alimentar de diversos países, em proporção não vista desde a Segunda Guerra Mundial.
“Decerto, a amplitude e duração das punições aplicadas à Rússia por invadir a Ucrânia, prejudicarão a dinâmica da economia mundial, dada a volatilidade dos preços, o incremento da inflação e o reduzido crescimento no curto prazo, até a possível debilidade das cadeias globais de suprimento e o enfraquecimento dos mercados financeiros integrados no longo prazo”, avalia Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações.
A entidade lembra que a Rússia se destaca como a principal exportadora global de gás natural e 2ª de petróleo; quando somada à Ucrânia, responde por 29% das transações internacionais do trigo e 19% das do milho; enquanto que seu aliado geopolítico, Belarus, abastece praticamente 20% da demanda global de potássio. “As consequentes restrições ao comércio podem incentivar um tipo de nacionalismo alimentar e o aumento proibitivo dos preços eclodir novas revoltas, à semelhança da “Primavera Árabe” de 2011”, diz Zani.
E por conta da deflagração do conflito, a logística continuará a representar um desafio preocupante. Tanto a Ucrânia como a Rússia escoam mais de 90% da sua produção de grãos por meio de portos do Mar Negro, enquanto que os exportadores russos, sofrem com sanções internacionais que bloquearam o seu acesso aos sistemas de pagamentos, além da exclusão por empresas marítimas ao redor do mundo.
“O preço do transporte marítimo já se elevou em 70%. A somatória desses fatores negativos já afeta a contabilidade dos custos operacionais em toda da cadeia agropecuária: lavouras de grãos, processamento industrial, importação de aditivos nutricionais, produção das rações, alimentação dos rebanhos, preços no atacado e varejo ao consumidor. De janeiro de 2020 para cá, o milho dobrou de preço, enquanto o farelo de soja já subiu 130%. Ambos são adicionados quantitativamente às rações à taxa média de 70% e 20%, respectivamente”, informa o CEO do Sindirações
O Sindirações lembra que o agronegócio brasileiro tem ocupado posição destacada no comércio internacional por conta da sua corrente de comércio, caracterizada por robusto desempenho exportador, apoiada nos embarques de grãos e outros gêneros agrícolas, cuja produtividade é garantida pela aplicação nas lavouras de aproximadamente 40 milhões de toneladas de fertilizantes importados (nitrogenados, fosfatados e potássicos), além dos defensivos. Igualmente para a proteína animal, os recordes embarcados advêm de vantagens competitivas (preço e qualidade) que são moduladas, tanto pelo custo, quanto pela disponibilidade do milho, farelo de soja e derivados de trigo que alimentam os planteis de aves, suínos e bovinos.
“A garantia dessa condição privilegiada requer a maturação de medidas de enfrentamento a qualquer hipotética ameaça, e que a depender dos desdobramentos do conflito, pode ser representada por uma possível aliança político-econômica entre o Leste Europeu e a China. Assim como a Rússia, o Brasil detém grande potencial agrícola e energético e o esforço será ampliar ainda mais a participação no abastecimento externo. Por outro lado, é cada vez mais evidente a necessidade de investimentos em infraestrutura de distribuição para aproveitamento da geração de energia já instalada por aqui”, complementa o CEO do Sindirações.
Em 2021, a produção de ração animal chegou a 85 milhões de toneladas, elevação de 4% sobre o volume de 2020.
Fonte: Canal Rural