As usinas de biocombustíveis certificadas no programa RenovaBio emitiram 809,51 mil créditos de descarbonização (CBios) na primeira metade deste mês. O volume representa uma queda de 54,1% ante a última quinzena de setembro, quando foram emitidos 1,76 milhão de CBios. Na comparação anual, a retração chega a 4,6%.
Com isso, a quantidade gerada em 2022 chegou a 23,74 milhões, uma diminuição de 1,4% em relação aos 24,07 milhões de títulos emitidos no mesmo período de 2021.
Ainda assim, considerando também os estoques de anos anteriores, o total disponibilizado ao mercado em 2022 sobe para 34,18 milhões. Este montante seria suficiente para o cumprimento de 95% da meta do RenovaBio para 2022, de 35,98 milhões de CBios.
Os números fazem parte do acompanhamento do mercado de CBios realizado pela Bolsa de Valores Brasileira (B3), única entidade registradora do RenovaBio.
Desde a implementação do RenovaBio, até o momento, 73,22 milhões de CBios já foram emitidos.
Atualmente, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 317 unidades participam do RenovaBio. Destas, três fabricam biometano e outras 32, biodiesel. Dentre as 282 usinas de etanol certificadas, 271 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; seis processam cana e milho; quatro, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.
Pouca oscilação nos preços
O valor dos CBios se manteve praticamente estável nas semanas iniciais de outubro. Na primeira metade do mês, eles custaram entre R$ 65,10 e R$ 90,90.
O maior valor foi visto no dia 10, enquanto o menor foi registrado no dia 5 e representou uma exceção – se fosse desconsiderado, o preço mais baixo seria de R$ 88, com uma diferença de apenas R$ 2,90 em relação ao recorde do período.
Desde a implantação das negociações, em junho de 2020, os CBios foram vendidos entre R$ 15 e R$ 1 mil. Neste ano, por sua vez, os preços variaram entre R$ 31,99 e R$ 1 mil.
Segundo cálculos realizados pelo NovaCana com base nos dados da B3, na primeira quinzena do mês, os papéis foram negociados a R$ 88,99, em média. O valor está 1,6% acima do preço da quinzena anterior, caracterizando a segunda alta quinzenal consecutiva para os CBios.
Este preço também está 26,3% acima da média histórica do programa, de R$ 70,49. Além disso, ele é 126,4% superior ao preço médio de 2021, de R$ 39,31. Entretanto, está 23% abaixo da média vista em 2022, de R$ 115,58.
De acordo com a B3, 1,52 milhão de CBios foram negociados no período, queda de 26,7% ante a segunda parte de setembro. Na comparação com o mesmo período de 2021, entretanto, há uma leve elevação de 0,5%.
“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.
Posse e aposentadoria
Em 17 de outubro, 27,16 milhões de créditos estavam em circulação. Deste total, 78,6%, ou 21,36 milhões de CBios, estavam em posse das distribuidoras com metas a cumprir.
Por sua vez, as usinas certificadas detinham 5,55 milhões de títulos, 20,4% do montante. Já os 251,28 mil créditos restantes (0,9%) estavam com investidores sem metas.
Para completar, 7,02 milhões de créditos foram aposentados em 2022, com 1,94 milhão deixando de circular no começo de outubro. O volume representa 19,5% da meta do RenovaBio para o ano.
Conforme decreto do Ministério de Minas e Energia, as distribuidoras têm até 30 de setembro de 2023 para aposentar os volumes relativos aos seus objetivos individuais referentes a 2022. Já as obrigações de 2023 deverão ser entregues até 31 de março de 2024.
Como a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, é possível que uma parte das aposentadorias seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa. Ainda que esteja previsto que a retirada de títulos feitas pelas chamadas “partes não obrigadas” possa ser deduzida dos objetivos finais do RenovaBio, as aposentadorias de 2022 devem ser contabilizadas em 2023.
Fonte: Visão Agro