O solo é a base da sustentabilidade e influencia diretamente a qualidade das lavouras. O Brasil é pioneiro na criação e adoção de boas práticas de manejo para conservação do solo, e o uso de plantas de cobertura é uma alternativa econômica e eficaz para o agricultor manter a saúde do solo, facilitando o desenvolvimento e a produtividade das lavouras agrícolas.
Mas, afinal, o que são plantas de cobertura?
O mix de plantas de cobertura é uma combinação de espécies gramíneas, crucíferas e leguminosas, que, quando cultivadas, conservam, protegem e potencializam o solo. Essa prática é um dos pilares do Sistema de Plantio Direto (SPD), e o seu cultivo nos sistemas agrícolas é uma excelente estratégia de manejo para promover a qualidade física do solo, contribuindo para a fixação de nitrogênio por meio da associação com microrganismos.
Em essência, essas plantas possuem a função de manter o solo coberto, protegendo-o contra processos erosivos e a lixiviação de nutrientes. Elas são cultivadas integrando o manejo de rotação de culturas, como no período entressafras na produção de grãos ou no período de renovação de áreas de cana-de-açúcar, bem como entre fileiras de cultivos arbóreos perenes. Em áreas de pastagem, algumas plantas de cobertura podem ser utilizadas como cultivo principal.
Como implementar essa estratégia em sua propriedade?
É fundamental conhecer o comportamento da planta de cobertura antes de levá-la a campo. Cada espécie pode ter efeitos diferentes sobre as culturas implantadas e existem plantas mais indicadas para o cultivo no verão e outras para o inverno.
As espécies de inverno são semeadas entre março e junho, e as principais culturas de cobertura desse período são aveia preta, aveia branca, centeio, azevém, ervilhaca comum, ervilhaca peluda, gorga, tremoço branco, tremoço azul, ervilha forrageira e nabo forrageiro. Já as de verão podem ser semeadas de setembro até dezembro, e as espécies mais comuns são mucuna, crotalária, feijão-de-porco, guandu anão, feijão miúdo, teosinto, milheto, capim sudão, sorgo e trigo mourisco.
As plantas de cobertura despontam como uma importante ferramenta no processo de conservação do solo, pois são capazes de beneficiar o sistema de produção, garantindo mais produtividade com ganho por hectare e rentabilidade ao produtor rural. Com as estratégias aplicadas, como a utilização na dose certa de insumos e o manejo correto, a produtividade vai evoluindo gradativamente. Os benefícios econômicos para o meio ambiente e para o bolso do produtor rural são significativos a cada safra.
É importante ressaltar que o cultivo dessas plantas deve ser precedido de cuidados agronômicos e deve-se considerar a espécie a ser cultivada na sequência. Portanto, é fundamental consultar um especialista. O time técnico da Coopercitrus é altamente qualificado para orientar os cooperados em todas as etapas de produção, do plantio à colheita.
Como as plantas de cobertura podem melhorar os resultados na lavoura?
Reciclagem de nutrientes
Plantas como milheto e braquiárias são capazes de reciclar nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas que serão cultivadas na sequência, além de atuarem como fixadoras de nitrogênio atmosférico no solo.
Manejo do solo
Elas influenciam na fertilidade do solo, promovendo melhoria de características físicas e químicas do lugar, seja pelo potencial de descompactação seja pelo incremento de matéria orgânica.
Produção de matéria orgânica
A matéria orgânica é fundamental para o plantio direto, pois garante palhada de qualidade para o plantio da cultura sucessora, bem como promove retenção de água no solo e maior disponibilidade de nutrientes para as plantas e para a estruturação do solo.
Descompactação do solo
Algumas espécies de cultura de cobertura podem apresentar raiz pivotante. Plantas com essa característica conseguem descompactar o solo, facilitando o enraizamento da cultura sucessora.
Manejo de plantas daninhas
Elas controlam plantas daninhas de duas formas: pela barreira física – impedindo a germinação e a emergência de daninhas e restringindo o acesso dessas ervas a luz, água e nutrientes – e pelo efeito alelopático causado por substâncias expelidas pelas raízes da planta de cobertura, que impactam negativamente o desenvolvimento de plantas daninhas.
Geração de renda
A cultura de cobertura pode ser monetizada assim como as culturas tidas como principais na estratégia do agricultor. Elas podem produzir grãos, sementes, silagem ou feno, além de servir de pastoreio para a criação de animais.
Manejo de doenças, pragas e nematóides
A rotação de culturas interrompe o ciclo de desenvolvimento de uma praga ou de um fungo. Já os nematóides são vermes do solo que se alimentam das raízes das plantas. Quanto mais intensificamos o cultivo de uma espécie de planta, mais nematoides se desenvolvem na lavoura. Porém quando adotamos uma cultura de cobertura não-alvo de uma espécie de nematoide, interrompemos a infestação e reduzimos a pressão do verme no solo, assim como ocorre no manejo de plantas daninhas e pragas mencionado acima.